A setorização na arquitetura é um dos recursos de planejamento de ambientes para a elaboração de projetos mais funcionais e de qualidade.
Veja nesse texto qual é a importância dessa organização de espaços na arquitetura de interiores e como o BIM pode ajudar.
O que é setorização? Arquitetura também é organização?
A arquitetura de interiores vai oferecer soluções para questões estruturais e design criativo, está relacionada com tudo que tem a ver com a edificação em seu espaço interno, como confortos térmico, sonoro e luminosidade.
Porém, também está intimamente ligada à segurança e funcionalidade dos espaços, portanto, na conceituação de um projeto é mais que necessário pensar nas características do espaço projetado no que se refere ao tipo, usos do ambiente e fluxo de pessoas.
Neste ponto é onde entra a setorização na arquitetura, que nada mais é que reunir e organizar espaços de forma coerente entre si.
Esse planejamento de ambiente, com a setorização de espaços, é uma primeira fase dos projetos da arquitetura de interiores, a partir da qual são definidos os perfis dos usuários, montado o fluxograma e é realizada a distribuição de mobiliário em cada setor.
Com essa explicação pode parecer uma tarefa simples. Em pequenos projetos residenciais essa missão tem seus desafios, mas realmente pode não ser das tarefas mais complicadas, o arquiteto terá que agrupar espaços sociais e de convívio, como salas de jantar e estar, piscinas, decks ou churrasqueiras; ou áreas íntimas e de descanso, como quartos e suítes; e até a área direcionada aos serviços, como lavanderia e cozinha.
Além disso, é preciso analisar muitos outros detalhes que os projetos podem conter, por exemplo, dentro de uma sala de estar de donos de pets, pode ser pensado um setor que também privilegie essa presença dos animais.
Já em ambientes residenciais menores, ou com estruturas diferenciadas, como lofts, barcos e motorhomes, a setorização pode ser realizada por meio do mobiliário.
Mas, em espaços muito grandes, que têm dezenas de ambientes, como shoppings, hospitais ou empreendimentos hoteleiros, a setorização e fluxograma na arquitetura é muito mais complexa e exige uma visão muito global, mas pode solucionar muitas questões.
A setorização da arquitetura hospitalar, por exemplo, vai permitir uma organização muito maior dos ambientes dentro do projeto, porque reduz a avaliação individual de inúmeros espaços quando esses ambientes são agrupados de acordo com as características comuns entre si, como recepção, leitos de enfermaria, leitos de UTI, área de descanso dos médicos, área de cozinha e alimentação ou área de serviços, etc.
Setorização de ambientes: arquitetura deve ser coerente
Esse novelo da setorização na arquitetura começa a se desenrolar a partir do momento que se faz o briefing do projeto, quando o arquiteto se reúne com as pessoas que têm todas as informações sobre características do espaço, sejam dimensões, objetivos ou tipo de público para a construção do programa de necessidades.
Seja para o projeto que for, o objetivo da setorização na arquitetura será sempre atender às necessidades do cliente ou usuários.
Além de pensar nesse planejamento que vai favorecer as tarefas, circulação das pessoas e vocação de cada ambiente, também é necessário pensar nos usos desses espaços para cada momento da sociedade.
Por exemplo, hoje, na fase pandêmica, muitas salas de estar ou de jantar também se transformaram em escritórios para home office. É outro aspecto que precisa ser incluído na setorização na arquitetura residencial a partir deste novo momento social.
Atualmente, até mesmo para setores comerciais, como a setorização da arquitetura em lojas, além de projetar um ambiente estimulante que incentive as compras, também é preciso pensar no fluxo de pessoas e distribuição dos elementos para favorecer o distanciamento exigido por normas sanitárias.
Como fazer setorização na arquitetura? O BIM vai ajudar?
É claro que muitos clientes abrem espaço para a criatividade dos profissionais para o planejamento dos ambientes, e o BIM proporciona muitos recursos e ferramentas para aprimorar o design e dar muitas opções de setorização na arquitetura.
Mas o que é BIM?
Building Information Modeling é uma metodologia de trabalho colaborativa que envolve todo o setor AECO. Serve para arquitetos, mas também envolve todas as outras disciplinas pertinentes a uma obra.
O BIM é o principal protagonista da Construção 4.0, que exige uso assíduo da digitalização no setor. O Building Information Modeling integra tecnologia, pessoas e processos em um modelo único, tridimensional e carregado com banco de dados.
São esses dados que compõem o “I” do BIM, que vão conceder todas as informações necessárias para projetos de melhor qualidade, inclusive, no que se refere à setorização na arquitetura.
Dentro das tecnologias, o BIM oferece soluções, como softwares que vão atender todas as etapas necessárias a um projeto, inclusive com automação do que for possível, desde o design, compatibilização de projetos arquitetînicos, MEP e de infraestrutura, planejamento, orçamento e cronograma de obras assertivos, análises energéticas, coordenação, gerenciamento e execução de obras encadeados, etc
Entre os softwares que oferecem elaboração de projetos e modelos arquitetônicos em BIM, os mais renomados são o Revit (Autodesk) e o Archicad (Graphisoft). Ambos vão proporcionar recursos para um melhor controle do design, com setorização na arquitetura, velocidade e qualidade dos projetos.
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Arquitetura: setorização com o Revit
Vamos abordar como o Revit, que é uma das soluções que dão suporte ao BIM para arquitetura, urbanismo, engenharia e design, permite o desenvolvimento de um projeto arquitetônico de excelente qualidade em todos os quesitos, que garante ao profissional muitos recursos para a setorização na arquitetura.
No momento de trabalhar o fluxograma e distribuir todos os elementos do projeto, o Revit oferece o recurso das famílias Revit, que é definido pela empresa Autodesk como “um grupo de elementos com um conjunto comum de propriedades, chamado de parâmetros, e uma representação gráfica relacionada”.
São componentes como portas, janelas, pisos, forros, pias, luminárias e inúmeros mobiliários que poderão ser distribuídos de forma mais organizada e coerente para a setorização dos ambientes.
Além disso, para a setorização na arquitetura, no Revit, é possível duplicar (sem detalhamento) a planta baixa já criada, seguir para a aba 3D isométrico, ir na aba anotar e lá pode ser encontrada uma legenda para preenchimento de cor, que será bastante útil para o arquiteto para fazer a setorização de ambientes, especialmente em projetos de grande porte, porque vai ajudar na visualização e identificação de cada ambiente.
Mas são inúmeros os outros recursos proporcionados pelo software para proporcionar um melhor desempenho do projeto.
Conclusão
A setorização na arquitetura permite uma funcionalidade muito maior para os ambientes. No entanto, é preciso conhecer muito bem quais são os objetivos — e até gostos– do contratante para atender bem os propósitos do projeto, compreendendo quem vai habitar ou usar aquele espaço.
Além disso, usar o BIM é uma ferramenta importante para aumentar a satisfação dos clientes também neste quesito. Quem ainda não tem esse conhecimento, precisa se atualizar, porque esse será, muito em breve, o padrão do setor construtivo.