A crise sanitária que vem assolando o mundo revelou o quanto o espaço físico desempenha um importante papel na propagação, recuperação ou prevenção de doenças. Após esse período, vale pensar quais serão as dicas de arquitetura que irão aproveitar as importantes lições aprendidas com tudo o que está sendo vivido neste momento.
Veja neste post algumas ideias de arquitetura que podem ganhar força após a pandemia da Covid-19.
Como a pandemia pode transformar a arquitetura?
Essa não é a primeira vez que uma doença afeta a arquitetura. Na época da peste negra, cólera e gripe espanhola foi provado que habitações sem iluminação e ventilação, que ficavam em ruas estreitas, escuras e sem saneamento básico eram muito desfavoráveis à recuperação dos doentes. Então, promoveu-se também grandes transformações do urbanismo para a arquitetura a partir dessas crises.
Outra clara influência de uma doença no design e a arquitetura foi durante a fase sanatorial (1900-1960), ocorrida em função da epidemia de tuberculose, que foi associada à salubridade do clima. Por isso, foram criados sanatórios com grande acesso à luz solar e boa ventilação, considerados pontos importantes dos procedimentos terapêuticos.
Com o prolongado período da crise sanitária atual, muitas tendências surgem no horizonte e são colocadas na pauta dos profissionais do setor como fortes dicas de arquitetura e construção para casas, escritórios e até escolas.
A valorização da luz natural e ventilação cruzada, que já eram características importantes de um bom projeto, passa a ser mais que fundamental para projetar novos espaços.
Vale especialmente como dicas de arquitetura para apartamentos pequenos ou outros espaços reduzidos que, se não podem ganhar benefícios em dimensões, podem usufruir dos efeitos positivos de uma boa luminosidade e melhores condições de arejamento.
Vamos conhecer algumas dicas de arquitetura que prometem ficar em definitivo após o fim da pandemia.
Home office e home school
No começo da pandemia, quando praticamente todos os setores que não eram essenciais foram paralisados, uma das medidas tomadas para preservar as pessoas do contágio do vírus foi enviá-las para trabalhar ou estudar em casa.
Essa ação emergencial adotada por muitas empresas acabou se transformando em uma marca do novo normal no mercado de trabalho e também afetou a rotina das escolas.
Porém, quando a ação imediata aconteceu, boa parte das pessoas não tinha um espaço preparado para dividir a rotina doméstica com a profissional e escolar: mesas de jantar, sofás, mesas de centro e até camas viraram áreas de trabalho e de estudo. Com isso, perdeu-se muito em ergonomia.
Assim, é bastante possível que a partir deste momento, um espaço de home office e home school seja integrado de forma definitiva aos projetos arquitetônicos, envolvendo também análises de acústica e iluminação.
Os espaços da casa também poderão ter usos híbridos, onde as pessoas possam exercer mais que uma atividade, por exemplo, uma varanda que se transforma em um agradável local de trabalho, quando é projetado com essa finalidade.
Entre as dicas de arquitetura para projetos de home office e school, luz adequada, ergonomia no mobiliário, organização e personalização vão promover mais funcionalidade ao espaço.
Dicas: arquitetura de interiores com halls adaptados
Durante a pandemia as recomendações de higiene pessoal antes da entrada definitiva em casa também passaram a ser um hábito: higienizar e trocar sapatos, tirar peças de roupa, passar álcool gel e lavar as mãos, etc.
Para esse novo hábito, um novo uso do hall também está entre as dicas de decoradores e arquitetos, que poderão projetar um espaço que, além de estética, ganhe mais funcionalidade com melhor uso de paredes, inclusão de aparadores para álcool gel e depósito de chaves e carteiras, sapateiras ou cabideiros.
Revestimentos mais fáceis de higienizar
As transformações são próprias da modernização dos setores e, muitas vezes, surgem a partir de necessidades emergenciais. Já há algum tempo, a correria do dia a dia colocou uma verdadeira lupa na necessidade de revestimentos e pisos mais fáceis de limpar.
Agora essa exigência é para promover uma melhor assepsia dos locais para evitar contágios. Portanto, revestimentos que sejam mais fáceis de higienizar serão definitivamente adotados nos projetos de casas e nos corporativos.
Porém, muitos desses revestimentos também podem necessitar de novas tecnologias que conceda mais resistência aos materiais, que deverão sofrer mais ações de limpeza em suas superfícies.
Local para atividades físicas em casa
A pandemia promoveu o fechamento de academias, escolas de natação e hidroginástica, parques, estúdios de yoga e diversos outros que incentivam as práticas físicas.
Muitas pessoas passaram a se exercitar em casa, por meio de aulas gravadas no Youtube, aplicativos de celulares ou salas virtuais de reunião com personal trainers.
Então, as pessoas esbarraram nas dificuldades de não ter um espaço próprio em casa para as atividades físicas.
Essa será outra demanda dos projetos arquitetônicos após a pandemia e estará em muitas dicas de arquitetura de interiores.
Mais plantas na casa
A própria Florence Nightingale, fundadora da enfermagem moderna, já havia relatado em seu diário sobre os efeitos da luz natural e da observação da natureza na recuperação de feridos na Guerra da Crimeia (1853-1856). Na ocasião, soldados morriam em um hospital de caridade de cólera e frio. Ela modificou esse cenário com essas pequenas ações.
Essa arquitetura sensorial é extremamente benéfica à saúde. Por isso, com a pandemia, o conceito de urban jungle teve sua importância aumentada entre as dicas de arquitetura de interiores e promete ficar mesmo após o fim da crise sanitária.
Além de trazer frescor para o espaço, cuidar de hortas ou de vasos de plantas passa a sensação de bem-estar e conforto aos habitantes da casa.
Então, esteja entre as dicas de arquitetura para casas pequenas ou habitações mais amplas, ter espaços verdes nas residências é altamente favorável à saúde física e emocional.
Escritórios
Assim que os diversos setores puderam retornar às atividades, também foi necessário promover transformações nos espaços para proteger a saúde das pessoas.
Assim, novos dispositivos de proteção foram inseridos a ambientes já projetados, como telas erguidas entre as mesas, sinalização no chão e até a reorganização de mobiliário para promover um afastamento das pessoas.
A tendência é que na arquitetura corporativa, os novos ambientes projetados já incorporem essas transformações.
Entre os principais tópicos dos projetos podem ser incluídos ambientes mais arejados, distanciamento entre baias de trabalho, tecnologias como portas e elevadores ativados por sensores de presença e voz e um uso definitivo de marcadores de distância.
Escolas
Escolas também fecharam as portas durante a pandemia em função da alta possibilidade de aglomeração e contágios.
Assim, os novos projetos arquitetônicos para instituições escolares devem focar neste aspecto do distanciamento entre os alunos, o que pressupõe menos mesas nas salas de aula, que poderão também contar com barreiras transparentes entre os estudantes e marcadores de distanciamento.
Já existem projetos que revolucionam até mesmo o conceito de sala de aula e se inspiram no estilo da educação dinamarquesa, que oferece aulas ao ar livre. Nestes projetos, há o uso de instalações não fechadas que podem ser facilmente montadas no local onde professores e os estudantes quiserem atuar.
As barreiras de isolamento também podem fazer parte de um design fixo nos setores de alimentação das escolas.
Como o BIM pode ajudar na arquitetura pós-pandemia?
Durante a pandemia, a arquitetura já estava integrada a um novo processo de digitalização estimulada pelo termo conhecido como Construção 4.0, que inclui as tecnologias de informação e comunicação, internet de alta velocidade, IoT (Internet of Things), Big Data (análise de grandes volumes de dados), robôs autônomos, realidade aumentada, etc.
A grande ferramenta para esse momento da arquitetura, engenharia e construção é o Building Information Modeling, que é uma metodologia de trabalho colaborativa.
O BIM opera com um fluxo de trabalho inteligente, que utiliza um único modelo 3D carregado de um banco de dados, que servirá para todos os estágios do projeto e possibilita o compartilhamento entre todos os envolvidos no setor AECO. Nesse estágio, a visualização do projeto atinge exatamente o que será o produto final físico.
O BIM no mundo pós-Covid, seja para novas obras ou reformas de espaços já existentes, é um grande passo de eficiência, porque as edificações ou instalações executadas com essa plataforma primam pelo design aperfeiçoado, porque a ferramenta oferece inúmeras soluções para as mais diversas necessidades.
Além disso, os projetos em BIM também são mais eficientes, promovendo menores custos, redução de desperdícios e entregas mais rápidas devido às tecnologias associadas.
Está entre as dicas de arquitetura mais interessantes para oferecer aos clientes que querem adaptar a vida aos novos tempos.