Tecnologia BIM na construção civil: entenda essa revolução

A tecnologia BIM na construção civil pode ser considerada uma revolução que já começou mas que tem muito caminho pela frente para apresentar possibilidades reais de melhorar o setor no país.

Para entender melhor essas possibilidades, é preciso entender de onde a construção civil parte e de como essa metodologia pode trazer benefícios para a indústria construtiva.

O que é tecnologia BIM na construção civil?

As mudanças sempre impulsionam processos de melhorias e no campo da construção civil não é diferente. Exatamente nesse setor, as melhorias nos processos começaram quando os arquitetos e engenheiros puderam saltar das pranchetas para a criação de desenhos nos softwares CAD. Tudo ficou muito mais prático.

Porém, o BIM representa uma revolução ainda maior no campo da construção civil, não só para os projetos, mas também para o planejamento, o orçamento, para execução das obras e a futura manutenção dos edifícios.

Mas o que é BIM? De início, podemos dizer que é muito mais do que apenas um software BIM. 

Essa é uma metodologia de trabalho na área da construção civil baseada em uma tecnologia de projetos em 3D, com uso de banco de dados integrado entre todas as disciplinas de projeto (arquitetura, estrutura, instalações prediais, planejamento, orçamento, execução de obras, manutenção, etc).

Por possuir uma filosofia integrativa, que foca nos pilares tecnologia, pessoas e processos, o BIM pode mudar, substancialmente, a mentalidade e postura de todos os envolvidos na cadeia produtiva da construção. A partir da realização de um projeto em BIM, com modelo único, todos os integrantes da cadeia estarão envolvidos e comunicados em tempo real sobre todas as decisões e alterações realizadas no modelo.

Essa plataforma oferece ganhos em todas as frentes da construção. Atualmente, o setor sofre com alguns entraves na realização de todo o ciclo de vida de uma obra a partir de processos tradicionais, entre elas, o atraso da entrega. Porém, existem outros fatores ainda mais impactantes: 

  • 45% das plantas com revisões após emissão do Executivo;
  • 6% a 30% de desperdícios já previstos;
  • 88% sofrem adequação das instalações, porque os projetos não dialogam entre si;
  • 9% de retrabalho por falta de compatibilização;
  • 5% de reparo em obras recém-concluídas;
  • 26% necessitam de “As Built”, que relaciona todas as mudanças realizadas em um projeto durante a execução.

No aspecto da sustentabilidade, o setor também precisa de melhorias urgentes que são amplamente potencializadas com a tecnologia BIM na construção civil, por exemplo, na diminuição dos impactos ao meio ambiente: hoje, o setor consome 40% dos gastos da energia e 16% de toda a água do planeta.

O BIM traz também uma revolução comercial que permite que os projetos custem menos e sejam realizados em menos tempo. Ao adotar a tecnologia na construção civil é possível promover economias financeiras e de tempo na ordem de 20% em toda a cadeia produtiva. Já na área de infraestrutura, os programas BIM podem garantir economia financeira de pelo menos 5%. Neste setor, em números absolutos, esse percentual pode representar milhões de reais.

Essas estatísticas não são apenas preditivas, representam números já atingidos por escritórios e construtoras de outros países, por exemplo, nos EUA, Reino Unido e Alemanha,  que usam a plataforma BIM de forma contínua em toda a cadeia. Porém, no Brasil, o interesse pela metodologia de trabalho aumenta a cada dia.

Projetos em BIM no Brasil

O que se espera é que o uso do BIM cresça cada vez mais, porque diversas políticas já estão sendo realizadas para implementação da metodologia no país a partir de 2021. Toda essa revolução que está em andamento começou em terras brasileiras com um incentivo governamental, a partir de um decreto publicado em 2018.

No decreto no. 9.377, de 17 de maio de 2018 — que sofreu atualização em 2019 –, o Governo Federal determinou, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling – Estratégia BIM BR, prazos para alguns projetos-piloto trabalharem, obrigatoriamente, com essa metodologia. 

No entanto, em 2 de abril deste ano, um novo documento foi assinado. O decreto no. 10.306 estabelece a utilização do BIM na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal.

Na primeira fase, a partir de 1º de janeiro de 2021, o BIM deverá ser utilizado no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia, referentes a construções novas, ampliações ou reabilitações.

Na segunda fase, em 2024, o BIM deverá ser utilizado na execução direta ou indireta de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras, referentes a construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações.

Em 2028, será necessário fechar o ciclo completo de utilização da metodologia BIM no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras referentes a construções novas, reformas, ampliações e reabilitações.

Essas datas colocam prazo para um grande fomento do BIM no país e não só na área pública. A partir dos benefícios para o setor que a  metodologia proporciona, a área privada também seguirá a mesma onda.

Benefícios de adotar um projeto BIM

Essa grande revolução que chega com a tecnologia BIM vai trazer, sem dúvidas, grandes benefícios dentro da cadeia construtiva. E essas possibilidades de incremento do setor não são um tiro no escuro. 

A exemplo de outras indústrias que se utilizam de protótipos para testar um novo produto, utilizar o sistema BIM já vai proporcionar um retrato fiel da edificação pronta e acabada, seja uma residência, prédio comercial ou obras de infraestrutura. Os modelos únicos em 3D conferem design e desempenho reais da edificação. Além disso, também proporciona uma grande economia de tempo de realização de projeto e execução.

Quando um arquiteto realiza o projeto arquitetônico com o BIM ele terá ferramentas de criação de design avançadas, além de outras de auditoria e análise que permitirão adicionar riqueza de detalhes.

Durante a construção, será possível realizar a coordenação de conflitos de campo entre os sistemas arquitetônicos, estruturais, hidráulicos ou elétricos da obra. Também será possível realizar um planejamento das várias fases do processo de construção, como, por exemplo, do canteiro de obras e até mesmo do layout digital.

Na fase da manutenção, o BIM proporciona recursos que muitos profissionais que usam metodologias antigas nem sonham. Ganha-se também no quesito segurança. Por exemplo, as informações contidas no modelo podem constar no sistema de automação predial, o que vai permitir minimizar riscos de acidentes e até mesmo promover uma melhor logística em casos de emergência.

Além disso, é possível adotar um cronograma de manutenção e medir a performance do edifício em comparação ao projeto. 

Conclusão

Esses são alguns poucos benefícios diante da vastidão de possibilidades que a tecnologia BIM na construção civil oferece, mas é certamente uma mudança que será necessária.

A implantação do BIM nas empresas exige um grande movimento pessoal e organizacional, mas certamente quem tiver coragem de enfrentar o novo vai obter resultados muito satisfatórios. Não é só mudar software. Precisa mudar processos e o pensamento das pessoas. 

Mas é preciso pensar na adoção dessa mudança antes que ela se faça irremediável para o setor, o que está prestes a acontecer.

Não enxergar que o BIM é o futuro, ou melhor, já é o presente dentro da cadeia construtiva, pode tornar arquitetos e construtoras obsoletas em pouco tempo.

Quem já vem observando e utilizando o BIM pode ser considerado como um profissional muito à frente do setor. Por outro lado, quem deixar para investir na metodologia apenas quando a obrigatoriedade bater à porta, terá que correr muito para atingir os resultados de quem já tinha vislumbrado os resultados futuros.

Para começar a trilhar esse caminho de forma mais suave e bem-sucedida, uma das formas é realizar uma pós-graduação em BIM, que garantirá todos os elementos necessários para que o profissional obtenha alta performance nos variados ciclos de uma obra.

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