BIM no mundo pós Covid

Com o decreto da pandemia, assim como outros segmentos, a área construtiva sofreu uma verdadeira revolução em seus processos no mundo inteiro para favorecer o distanciamento social.

Dos vários impactos percebidos na indústria da arquitetura, engenharia e construção, um dos questionamentos do setor é como ficará o mundo pós-Covid e o uso do BIM?

Processos digitais  ganham força durante o isolamento social

A pandemia da Covid-19 surgiu quase como uma tsunami, pegando todos de surpresa em seus setores. Muitos não estavam preparados e foram atingidos em cheio. Praticamente ninguém previu que teria que recolher projetos e ir para casa.

De uma hora para outra, arquitetos, engenheiros, tecnólogos e gerentes de projeto adotaram o home office para continuar com o andamento de seus trabalhos, usando ferramentas tecnológicas, como plataformas de vídeo para fazer reuniões por videoconferências. Além disso, muitas obras foram pausadas ou tiveram que diminuir os seus quadros para favorecer o distanciamento.

Análises do setor apontam que esse cenário vai trazer um declínio no setor de até 5% no primeiro e no segundo trimestres de 2021, mas uma reversão dessa tendência deverá ocorrer no terceiro trimestre e uma recuperação importante no quarto trimestre do ano que vem.

Mas é a análise desses impactos, associada à necessidade de trabalhar à distância, que deve conceder grande impulso para representação digital dos processos após a pandemia, porque cada participante do setor construtivo, em seu segmento, percebeu a importância dessa digitalização para continuar ativo e produtivo.

Pandemia aponta necessidade do uso do BIM

A pandemia pode ser considerada um verdadeiro alerta vermelho: o que era apenas um debate virou urgência porque diversas pesquisas evidenciam que a indústria construtiva é uma das que têm os menores graus de digitalização. As fraquezas do setor ficaram mais evidentes e a emergência da mudança dos processos também.

Entraram em cena para manter a segurança  e saúde dos profissionais do setor, o uso da tecnologia de ponta, as ferramentas de comunicação, uso de drones, realidade virtual e aumentada.

Além dessas ferramentas tecnológicas, o período do isolamento também colocou uma lupa gigantesca sobre o uso do BIM no setor construtivo, que pode melhorar a produtividade e ainda trazer mais economia. Por isso, diversos eventos estão sendo idealizados no mundo para o momento pós-pandemia, como o BIM World Munich.

O que é o BIM?

Para quem quer entender melhor o Building Information Modeling (traduzindo, Modelagem da Informação da Construção) esse é um conjunto de tecnologias e processos integrados que permite criação, a utilização e a atualização de modelos únicos, digitais e tridimensionais de uma construção, de modo colaborativo, que sirva a todos os participantes do empreendimento, em qualquer etapa do ciclo de vida da construção.

Só por essa definição já é possível perceber a tamanha importância do BIM para um cenário mais moderno que exige a adoção dos processos digitais dentro da indústria da construção.

O BIM está totalmente inserido dentro dessa transformação digital acelerada, com trabalho colaborativo, integrado e compartilhado.

Mas o BIM também será importante para resgatar alguns prejuízos provocados pela pandemia porque prevê um planejamento mais eficaz, que traz mais economia de recursos, entregas mais rápidas e mais segurança no desempenho das construções.

Se pensarmos em um cenário de obras públicas, nas quais constam os hospitais, que inspirou tantas reportagens durante a pandemia, percebe-se a importância de projetar, elaborar e executar obras emergenciais, mas que sejam eficientes.

O BIM pode começar no momento do projeto arquitetônico, com a criação de um modelo 3D único e acessível a todos do setor, seguir para o planejamento, orçamentos, adoção de métodos eficazes de gestão  e chegar aos canteiro de obras, com melhoria de fluxos de materiais e mão de obra. 

Além de todos os outros setores de uma edificação, o BIM no canteiro de obras é um grande investimento de produtividade por ter funcionalidades adequadas para combater muitos fatores estruturais que comprometem o desempenho do setor construtivo, como desperdícios de materiais, atrasos de entregas, retrabalho por falta de compatibilização e reparos de obras recém-construídas.

Além disso, em um futuro breve, a digitalização dos processos, já prevista pelo BIM, também vai facilitar para um momento quando o canteiro de obras também poderá ser muito mais automatizado com o uso de drones e robôs.

A metodologia BIM no Brasil

Antes da pandemia, vários governos do mundo já tinham adotado o BIM devido aos seus benefícios, porém, o governo brasileiro tem investido na disseminação dessa plataforma para os projetos do setor público. A primeira iniciativa foi um decreto de 2018, que sofreu atualizações em 2019, porém, em 2 de abril, no meio da pandemia, um novo decreto foi assinado.

Com o Decreto 10.306, de 2 de abril de 2020, o governo federal estabelece a utilização do BIM, no âmbito da Estratégia Nacional de Disseminação do Building Information Modeling – Estratégia BIM BR, na execução direta ou indireta de obras e serviços de engenharia realizada pelos órgãos e pelas entidades da administração pública federal referentes a construções novas, reformas, ampliações ou reabilitações. A finalidade da Estratégia BIM BR é promover um ambiente adequado ao investimento na metodologia e sua difusão no Brasil a partir de janeiro de 2021.

Prazos para uso do BIM

A partir de janeiro de 2021: o BIM deverá ser utilizado no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia nas disciplinas de estrutura, hidráulica, AVAC, instalação elétrica e na detecção de interferências, na extração de quantitativos e na geração de documentação gráfica a partir desses modelos. Além da revisão dos modelos de arquitetura e engenharia para fins de compatibilização.

A partir de janeiro de 2024: o BIM deverá ser utilizado na execução direta ou indireta de projetos de arquitetura e engenharia e na gestão de obras, e abrangerá os usos previstos na primeira fase, a orçamentação, planejamento e execução de obras e atualização do modelo e de suas informações como construído (as built), para obras cujos projetos de arquitetura e engenharia tenham sido realizados ou executados com aplicação do BIM.

A partir de janeiro de 2028: será necessário fechar o ciclo completo de utilização da metodologia BIM no desenvolvimento de projetos de arquitetura e engenharia, na  gestão de obras e abrangerá os usos previstos na primeira e segunda fases, no gerenciamento e manutenção do empreendimento após a sua construção, cujos projetos de arquitetura e engenharia tenham sido desenvolvidos ou executados com aplicação do BIM.

Não fique para trás

Janeiro de 2021 é um prazo bastante curto para quem ainda sequer pensou em conhecer ou adotar a metodologia BIM. É preciso investir  já em conhecimento para que certos hábitos da indústria da construção sejam transformados definitivamente.

Além de órgãos e entidades governamentais, o uso do BIM será imprescindível também para o setor privado pelos mesmos benefícios já apontados, principalmente agora que todos perceberam que é possível fazer muito sem a necessidade presencial.

Além disso, o BIM também poderá dar mais visão para projetar melhorar as edificações que estejam mais de acordo com o novo momento, como ter  home offices mais adequados; áreas agradáveis onde as pessoas poderão se exercitar, mesmo dentro de casa; elaboração de mais lavabos dentro das edificações, já que falou-se tanto na necessidade de lavar constantemente as mãos e diversos outros hábitos que surgiram e devem ficar após a pandemia.

A qualificação para essa metodologia é o caminho certo para estar dentro das novas regras. Aqui no Grupo AJ, temos diversos cursos ligados ao BIM, como a pós-graduação BIM e também o curso Master em Revit, software baseado e com ferramentas para dar suporte ao BIM.

Depois dessa pandemia, não fique para trás, e também esteja de olho no futuro, porque se você pensava que ele estava longe, de repente vai perceber que ele já bateu à sua porta.

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