Enquanto outras indústrias já adotaram os processos digitais, o setor AECO é considerado um dos mais atrasados em relação à digitalização, porém, a Construção 4.0 já bate à porta também aqui no país, tendo o BIM como um dos seus principais protagonistas.
Entrar de vez na quarta revolução industrial é urgente para a indústria da construção, que ainda está mergulhada em processos tradicionais e manuais. O principal motivo para isso é que a digitalização avançada vai permitir melhores resultados financeiros.
O que é Construção 4.0?
O termo Construção 4.0 é uma nomenclatura para o momento vivenciado pelo setor construtivo dentro da Quarta Revolução Industrial, que é marcada pela Inteligência Artificial, Internet das Coisas e análise Big Data.
Lá atrás, na Primeira Revolução Industrial, que começou com a mecanização e o uso do vapor, as máquinas também passaram a ganhar destaque. Na Quarta Revolução, as máquinas continuam na linha de frente, só que agora são inteligentes e a informação ganhou o principal destaque.
É nesse ponto que o Building Information Modeling pode ser considerado protagonista da Construção 4.0, porque não se baseia apenas em um modelo único tridimensional, está também carregado de um banco de dados associado, ou seja, carregado de informações, reforçando do que se trata o “I” da sigla. Porém, além da tecnologia, o BIM também integra processos e pessoas.
O BIM alia tecnologia, eficiência e lucro em um modelo totalmente novo.
Além do design aprimorado, a metodologia possibilita análises energéticas aprofundadas, planejamento e orçamento de obras preciso.
A conectividade permitida à tecnologia BIM também aumenta a colaboração, a comunicabilidade do projeto e favorece as tomadas de decisão em tempo real, o que faz reduzir erros, desperdícios e retrabalhos. Portanto, aumenta produtividade e resultados financeiros.
Porém, de acordo com as conclusões do painel virtual Pós-BIM, realizado anteriormente ao 92º Encontro Nacional da Indústria da Construção no início de dezembro, é necessário que o BIM passe a ser conhecido pelos futuros profissionais já nas universidades como disciplina dos cursos de arquitetura e engenharia. Atualmente, poucas universidades oferecem a matéria.
Essa baixa oferta nas grades curriculares universitárias faz com que o setor tenha uma carência de profissionais especializados.
Para sanar essa lacuna na formação dos profissionais, o Grupo AJ oferece a pós-graduação BIM, que tem uma duração total de 3 anos, e é a mais completa do país, abrangendo todas as titulações.
Leia mais: O que é BIM?
BIM: automação em quase todo o ciclo de vida do projeto
Um ponto forte da Construção 4.0 é a automação de quase todo o ciclo de vida do projeto. Aqui o BIM entra mais uma vez roubando a cena.
Utilizar os gêmeos digitais (representação virtual da obra física) vai além das etapas de projeto e planejamento, também pode se estender à construção e operações. Um dos pontos avançados da tecnologia BIM é a possibilidade de fazer uso das simulações com os modelos tridimensionais antes da construção de uma obra física. É possível avaliar a construtibilidade do modelo, a sustentabilidade e até a lucratividade.
Na fase de construção também é possível utilizar as informações das representações virtuais e complementar com outras tecnologias como, por exemplo, os drones e sistemas de monitoramento, para automatizar a ligação às realidades dos canteiros de obras.
Usar as simulações da metodologia pode ir além da etapa da construção, é permitido também fazer um casamento bem-sucedido de urbanismo e BIM para trazer soluções inovadoras, como a criação de diversos cenários, até mesmo em casos e tragédias naturais, como as enchentes.
É possível realizar pesquisas e geolocalização de alta definição, associando o BIM ao GIS, para conhecer condições de solo, e entender se o projeto está compatível com o seu escopo.
Outra aplicação é o caso do Reino Unido, onde a Construção 4.0 já chegou e o uso do BIM está sedimentado, foi utilizada a digitalização para fazer uso do controle das enchentes do Rio Tâmisa.
Já na fase de operações, o BIM, junto com o IoT e outros sensores, vão permitir um monitoramento do desempenho da edificação e montar também um sistema muito mais eficaz de manutenção preventiva.
Outro ponto importante do BIM dentro da Construção 4.0 é a computação em nuvem de pontos, que também é outro elemento que já está integrado em softwares que dão suporte ao BIM, como o Revit.
O que a Construção 4.0 traz ao setor?
A Construção 4.0 já traz muitos produtos inteligentes, personalizados e conectados, com bastante uso da robótica.
Um país que se tornou um centro de tecnologia e inovação foi Israel, que tem incentivado inovações contínuas dentro do setor para contemplar a Construção 4.0. Lá, além da disseminação constante da necessidade do uso do BIM, eventos trazem startups que revelam novas criações dedicadas à construção civil, como novos materiais mais econômicos e eficientes, criados a partir de recursos tecnológicos.
Vários países onde o BIM já foi adotado com sucesso, já contam, por exemplo, com recursos como nanomateriais e até módulos fabricados em impressoras 3D, que permitem peças com designs únicos e com baixo orçamento.
No caso de uma reforma e até mesmo na renovação de projetos patrimoniais, a impressão 3D também pode ajudar na fabricação de componentes que não estão mais no mercado.
Porém, os avanços não param por aí, há também vestimentas robóticas que permitem que os trabalhadores carreguem materiais pesados, introdução de microssensores no concreto que podem medir a qualidade e temperatura do material e enviar dados por Bluetooth.
Com isso, é possível perceber que com mais avanços, as tecnologias poderão substituir gradualmente a intervenção humana em determinadas tarefas.
Mas outro aspecto a ser pensado para o setor é que a Construção 4.0 também pode eliminar certas funções e trazer novas profissões, muito mais ligadas à automação.
Conclusão
Embora seja mais um elemento da digitalização do setor, o BIM faz uma grande diferença nos resultados e é uma maneira de estar no patamar da Construção 4.0. Porém, ainda há a necessidade de qualificação de profissionais e incentivos para uso da metodologia no setor AECO no país.
Do ponto de vista governamental, já existe um estímulo com o Decreto BIM, que determina que a metodologia será utilizada inicialmente em projetos dos Ministérios da Infraestrutura e Defesa a partir de 2021. Porém, outros órgãos estão liberados para investir também nessa inovação do setor construtivo.
Esse será, sem dúvida, um salto de modernidade para a indústria construtiva no Brasil.