A sustentabilidade é um calcanhar de Aquiles na construção civil, porque é um dos setores econômicos que mais consomem recursos naturais e geram resíduos. No entanto, o BIM 7D surge para começar a corrigir essas falhas na indústria construtiva.
Vale dizer que as dimensões da metodologia (BIM 3D, 4D, 5D, 6D, 7D, 8D) não são padronizadas no mundo inteiro, especialmente as dimensões 6D e 7D BIM, que podem ser listadas em ordens diferentes em muitos locais. Aqui a padronização tem como base o que é definido pela Autodesk, que aponta o 7D voltado à área da sustentabilidade.
Entenda melhor neste post, tudo o que o BIM pode fazer para ter construções mais sustentáveis e que geram menos impacto ambiental.
Como o BIM pode contribuir com a sustentabilidade?
Segundo levantamento divulgado pela Autodesk, nos EUA, a indústria da engenharia, arquitetura e construção é responsável por 75% do consumo elétrico e 45% de todo o consumo de energia.
Além disso, de acordo com o relatório da Agência Internacional da Energia é o setor que é responsável também por 39% das emissões de carbono no mundo. Esse vem sendo um grande ponto a ser resolvido na indústria construtiva.
Há tempos, existe uma preocupação com o cuidado ambiental e a redução de resíduos de forma que a população tenha uma melhor qualidade de vida, sem afetar os recursos do planeta. Na verdade, o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu em 1972 durante uma conferência da ONU.
De lá para cá, esse cuidado vem crescendo em diversos setores. A metodologia BIM vem oferecer soluções e práticas que podem ajudar a oferecer propostas mais conectadas com a preservação ambiental na indústria construtiva.
O que é BIM?
Mas vamos reforçar o que é BIM: é uma metodologia de trabalho colaborativa baseada em um modelo único, tridimensional e inteligente, porque está carregado com um banco de dados que servirá a todas as etapas do ciclo de vida da obra e das disciplinas envolvidas no projeto como um todo.
Com o BIM, é possível conceber, projetar, planejar, gerenciar, executar e operar toda a edificação, instalação ou obra de infraestrutura de forma mais exata. A tecnologia BIM, que é amparada por meio de hardwares e softwares, assim, todo o modelo será melhor projetado, visualizado e simulado de forma a fornecer resultados que serão reais na edificação física.
Além disso, a metodologia também pode ser associada a tecnologias que vão fornecer mais dados ao modelo, como drones, lasers scanners, óculos de realidade aumentada, entre outros.
Em cada uma dessas fases, o BIM poderá ser suportado por softwares que vão proporcionar melhores recursos para o design (Revit), planejamento (Navisworks), gestão de projetos BIM (BIM 360), orçamentação (Orçafascio) ou manutenção predial (YouBIM), etc.
O que o 7D BIM traz para a preservação ambiental no setor AECO?
Além do 3D, que contempla o design, o BIM 4D, 5D, 6D e 7D vão proporcionar dados para conduzir as demais etapas do projeto, respectivamente, planejamento, orçamentação de obras, manutenção predial e análises energéticas.
Essa dimensão vai oferecer importantes detalhamentos para melhorar design ambiental e gestão de energia, que têm um efeito importante dentro no ciclo de vida de um projeto no quesito sustentabilidade.
O BIM 7D prevê que diversas questões envolvendo a sustentabilidade sejam melhor aproveitadas em uma obra, como uso da energia elétrica, reuso da água, captação de águas pluviais, emissão de carbono, tratamento de resíduos, etc.
Além disso, inclui outras questões que não são tão facilmente visíveis, como extração da matéria-prima, processos de fabricação, durabilidade de materiais, reaproveitamento e reciclagem.
Novas soluções tecnológicas apresentadas pela tecnologia do BIM estão muito mais harmonizadas com a sustentabilidade, apresentando novas propostas arquitetônicas, associadas a métodos que vão proporcionar uma melhor preservação do ecossistema.
Análise energética
O modelo tridimensional único permite, além de formas que sejam compatíveis com propostas ecossustentáveis na disciplina de arquitetura, a possibilidade de oferecer todos os dados necessários para que seja transformado em um modelo de análise energética, para oferecer melhor gerenciamento ambiental.
Aspectos arquitetônicos e de construção, com dados como tamanho, orientação de espaços, uso de energia solar, racionalização da iluminação, sistemas de ventilação cruzada, dados térmicos de camadas de material, sistemas de biodiesel e outras energias limpas, podem ter informações cruzadas dentro do modelo e analisadas para resultar em edificações, instalações e obras de infraestrutura que garantem um baixo impacto ambiental.
De fato, o BIM 7D surge como um grande trunfo para a indústria construtiva que, segundo o relatório The Global Construction 2030, da PWC, irá crescer 85% e alcançar investimentos na ordem de US$ 15,5 milhões mundialmente.
Simulações garantem mais consciência ambiental
A partir das simulações que são permitidas ao BIM, é possível projetar diversas soluções que vão atender à questão ambiental durante a edificação de uma obra. Além da combinação de materiais mais ecológicos, também é possível observar opções para que o projeto contemple uma menor emissão de carbono.
Com o BIM 7D, softwares amparam e analisam a questão ambiental nos projetos, com ações como simulação de energia, aquecimento, resfriamento, estudos de luz e sombra, iluminação natural e até análises climáticas da região onde a edificação está sendo erigida.
Entre algumas opções de softwares estão o Design Builder, Energy Plus, Autodesk Insight, entre outros que podem ser integrados ao Revit.
Com essas soluções, os profissionais de arquitetura e engenharia podem garantir os indicadores de desempenho, faixas e especificações e diversos outros aspectos que devem ser analisados quando a questão ambiental entra como destaque.
Uma ressalva, no entanto, é que alguns softwares como o Green Building Studio e o Ecotect, ambos da Autodesk, não são aceitos pelas certificadoras sustentáveis.
Certificações de sustentabilidade para as obras
O Relatório Brundtland é um documento denominado ‘Nosso Futuro Comum”, e foi elaborado na Noruega, em 1987, oferecendo um alerta e um olhar mais apurado para o desenvolvimento sustentável. Esse documento já alertou para a incompatibilidade do desenvolvimento econômico e os padrões de produção, inclusive, da indústria construtiva.
Atualmente um dos desafios da Agenda 2030 é desenvolver cidades sustentáveis e eficientes do ponto de vista ambiental.
Essa iniciativa estimulou a criação de diversos selos para construção sustentável, que visam mitigar os impactos da construção civil e dar melhores opções aos usuários.
Assim, os selos ecológicos podem representar um grande ganho para as edificações, porque atestam a responsabilidade ambiental do projeto. Ao portar um ecolabel, aquela obra garante que houve eficiência no uso de recursos como energia elétrica e água, sem perdas de tecnologia ou conforto.
Conheça alguns dos principais selos e o que é exigido para que uma edificação seja certificada:
Programa Nacional de Eficiência Energética em Edificações
O selo Procel Edificações foi instituído pela Eletrobras/Procel em conjunto com os Ministérios de Minas e Energia, o Ministério das Cidades, as universidades, os centros de pesquisa e entidades.
O incentivo do selo é que as edificações tenham melhores classificações de eficiência energética, com conservação e uso eficiente de recursos naturais, com foco na redução de desperdícios e impactos ao meio desde a etapa de concepção e projeto.
Os edifícios comerciais são avaliados nos sistemas de iluminação, envoltória e condicionamento de ar. Já nas unidades habitacionais são avaliados os sistemas de aquecimento de água e envoltória.
As etiquetas do Procel vão estabelecer classificações que vão de A a E, sendo a A a mais eficiente, e a E, a menos eficiente em termos energéticos.
Esse pode ser um quesito muito importante para avaliar a compra de um imóvel, porque permite fazer comparações entre os níveis de eficiência energética das edificações.
Leadership in Energy and Enviromental Design
A certificação Leed é considerada umas das certificações mais conhecidas do mundo e foi desenvolvida pelo U.S. Green Building Council. Atua como um sistema de orientação ambiental utilizado em 143 países para incentivar o olhar sustentável nas edificações.
É focado especialmente para eficiência energética dentro das casas, edifícios e condomínios. Avalia 8 quesitos como uso da água, qualidade do ar, iluminação, materiais, inovação, emissão de gases, terreno sustentável e crédito de prioridade regional.
O nível de certificação é definido conforme a quantidade de pontos atingidos: Certified, Silver, Gold e Platinum.
Aqua
Essa certificação internacional foi desenvolvida a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale). No Brasil, ela é aplicada no Brasil pela Fundação Vanzolini, desde 2008.
O processo de certificação do Aqua vai exigir um sistema de gestão do empreendimento, que faz a avaliação em 3 fases (base, boas práticas e melhores práticas) e analisa 14 categorias de cuidados ambientais: terreno, canteiro de obras, componentes, água, resíduos, energia, conservação e manutenção, confortos visual, acústico, olfativo e hidrotérmico; qualidade dos espaços, do ar e da água.
Selo Casa Azul
Essa é uma classificação socioambiental dos projetos habitacionais que recebem financiamento da Caixa Econômica. É uma forma de incentivar a melhoria da qualidade da habitação e também fazer um uso mais racional dos recursos naturais durante a obra.
São 53 critérios de avaliação, desses, 19 são obrigatórios, que estão divididos em 6 categorias:
- Qualidade urbana;
- Eficiência energética;
- Conservação de recursos naturais;
- Projeto e Conforto;
- Gestão da água;
- Práticas sociais.
De acordo com os itens avaliados, o projeto pode ser indicado a 3 tipos de selos: Ouro, Prata e Bronze.
Building Research Establishment Environmental Assessment Method
A certificação BREEM faz parte de edificações de mais de 70 países. O objetivo é gerar melhores práticas e padrões referenciais, como design de baixo impacto e redução das emissões de carbono.
São avaliadas as categorias como energia, saúde e bem-estar, gestão, transporte, inovação, uso da terra, materiais, poluição, resíduos e água.
Conclusão
Com o BIM 3D ao 7D, os projetos ganham em eficácia, com planejamento mais assertivo, menores custos, exatidão de estimativas e análises, redução de erros e retrabalhos.
Com essas soluções tecnológicas, os profissionais do setor também podem projetar edifícios que atinjam metas de sustentabilidade e contribuam para que o setor construtivo comece a ser bem visto quando o assunto é consciência ambiental.